quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ponto de Equilíbrio

Veja as alternativas para evitar que o endividamento comprometa a saúde da empresa

POR MARCELO DE VALÉCIO

Controle financeiro é um dos pilares da boa administração. conciliar entradas e saídas de recursos de uma forma coerente e geradora de lucros e, portanto, de crescimento é um dos maiores desafios das empresas. ter consciência da importância de um caixa bem administrado é fundamental, sobretudo em tempos de crise de crédito, quando os recursos são escassos e caros. É questão de sobrevivência empresarial, vão mais longe os especialistas. "Muitas empresas não conseguem ter boa gestão empresarial porque não realizam controles financeiros adequadamente", afirma ricardo curado, consultor financeiro do sebrae-sP. "É preciso atenção ao fluxo de caixa, ao demonstrativo de resultados e ao balanço patrimonial, que registra o valor dos ativos e dos passivos e deve ser feito, no mínimo, mensalmente."
Com uma análise detalhada da situação do caixa, é possível planejar estratégias de acordo com a realidade do momento, evitando endividamento que possa afetar a saúde financeira da empresa. "Para a companhia gerar caixa, deve fazer duas coisas: realizar lucro e ter controle do capital de giro", assevera hong Yuh ching, professor das universidades Mackenzie e fei, proprietário da consultoria Business transformation e autor do livro Contabilidade e Finanças para Não Especialistas. "os gestores devem ter relatórios gerenciais que lhes retratem o que está ocorrendo na empresa o tempo todo." o professor cita algumas ferramentas para esse controle, como demonstração de resultados mensal feita pelo contador ou sistema informatizado que informe o estoque em unidades e o valor de cada item que consta na empresa, bem como a posição dos pagamentos realizados e a vencer por data e fornecedor. outro relatório importante é o da posição dos recebimentos ocorridos e a vencer via cartão de débito, crédito e cheque pré-datado, além de um fechamento de caixa diário e acumulado no mês, com a posição de todas as entradas e saídas. "se o sistema tiver uma função para preparar o orçamento do caixa, melhor ainda. caso contrário, uma planilha de excel dará conta do recado", avalia ching, lembrando da importância da competência da gestão no processo. "se o gestor não souber se a empresa dá lucro ou prejuízo, deixa-a voando no escuro. em uma farmácia, se o administrador não souber a margem (preço de venda deduzido dos impostos e do custo do item) em cada venda de medicamento, desconhecer quais são os custos variáveis e fixos, poderá ter surpresas desagradáveis", diz ching.
fotos: shutterstock e divulgaçãoLucro é a fonte primária de geração de caixa de qualquer empresa, independentemente do tamanho. ricardo curado sugere maximizar o lucro líquido por meio de atitudes como aumentar as vendas para reduzir a participação das despesas fixas, comprar melhor e mais barato ou optar por produtos que vendam mais. "são ações proativas que podem evitar ou minimizar futuros problemas de caixa", destaca o consultor do sebrae-sP. Mas dívida em si não pode ser encarada como sinônimo de problema. "É evidente que não se toma empréstimo quando a empresa gera caixa suficiente para pagar suas obrigações e realizar investimentos. Porém, nem todas as firmas têm essa felicidade", afirma ching. "empresas se endividam para promover investimentos além da capacidade de gerar caixa por meios próprios ou para cobrir uma temporária falta de recursos a fim de, por exemplo, pagar a folha de pagamento, o décimo terceiro salário ou uma fatura que esteja para vencer. essa não é uma dívida ruim. assim como ocorre com as pessoas, as empresas devem evitar se endividar além da capacidade de pagamento." Por isso, a decisão de pedir emprestado para pagar a dívida a longo ou a curto prazo tem como pressuposto o fato de que irão ocorrer entradas de caixa suficientes para arcar com o valor do empréstimo no tempo correspondente. "o endividamento se torna nocivo quando não há essa perspectiva", enfatiza o professor, lembrando que esse tipo de dívida ocorre quando a empresa tem um custo fixo alto (aluguel, manutenção, folha de pagamento) e há uma retração da demanda. "isso leva a uma redução da margem absoluta da empresa, que passa a não ser suficiente para pagar os custos fixos. Nesse momento, a firma toma empréstimo sem a perspectiva de entradas de caixa suficientes para pagá-lo e o problema se torna uma bola de neve."

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